Howard Gardner é americano. Tem um espírito positivo. Ficou famoso defendendo a ideia da existência de inteligências múltiplas. É uma boa. Pode-se ser burro numa coisa e genial em outra. Alguns, por exemplo, são geniais em burrice. No livro 'Mentes que Mudam – A Arte e a Ciência de Mudar as Nossas Ideias e as dos Outros' (Artmed), Gardner sustenta que os líderes se destacam por três tipos de inteligência: como contadores de história (Lulla é um Einstein nesse quesito), pela capacidade de compreender os outros (inteligência interpessoal) e pela 'inteligência existencial', um talento especial para formular em linguagem universal às questões fundamentais.
Gardner é um cognitivista. O cognitivismo se ocupa da nossa mente. É a tendência em alta. Alguns acham que é simplesmente uma nova forma de autoajuda ou de cientificização do senso comum. Mas Gardner, sem dúvida, toca em questões centrais: como mudar as opiniões, os pontos de vista, os dogmas, a mente dos outros? E a nossa. Peguemos um caso: a governadora Yeda Crusius. Ela não sabe contar uma história, é incapaz de envolver o seu público com uma boa trama simbólica. Conhece a língua, mas comunica mal. Lulla é o contrário. A inteligência simbólica de Yeda é zero. No item 'inteligência interpessoal' ela não se sai melhor. Ouvir não é o seu forte. Yeda desconhece a empatia. Parece jamais se colocar no lugar dos outros. Por fim, em termos de 'inteligência existencial', algo como ter a compreensão dos desafios humanos e sociais de uma época, ela patina.
Yeda é burra? Lulla é um gênio? Lulla é um líder carismático. Yeda é uma tecnocrata. Um tecnocrata é um ser capaz de estragar uma boa ideia graças a sua incapacidade de reconhecer a existência de antagonismos. Só estou seguindo Gardner. É verdade que ele tem algumas ideias bizarras. Acha, entre outras maluquices, que Bush 'desenvolveu sua inteligência interpessoal durante seus anos na presidência'. Certamente só um grande cognitivista tem sensibilidade e mecanismos científicos para detectar um progresso que nunca se revelou em qualquer comportamento ou política. Gardner será o palestrante do ciclo 'Fronteiras do Pensamento' no próximo dia 17 de agosto, às 19h30min, no Salão de Atos da Ufrgs. Vai ser um acontecimento. Parece que ainda tem vagas (www.fronteirasdopensamento.com.br). Sugiro que Yeda aproveite para uma consulta. Nunca é tarde demais.
Eu me preocupo com a mente da governadora. Quero que ela evolua. Gardner pode ajudá-la. Ele tem soluções para quase tudo. E ideias realmente ousadas. Por exemplo: 'Nem a biologia nem a cultura podem explicar os eventos de 1960 a 2002 na indústria automobilística. O cognitivismo pelo menos tenta'. Será que o cognitivismo já tentou explicar a crise atual do neoliberalismo? Estou convencido de que nem a biologia nem a cultura podem explicar as dificuldades de relacionamento da governadora com seus secretários, com seus opositores e com parte da imprensa. Talvez o cognitivismo possa. Aposto em Gardner.
Juremir Machado da Silva
Correio do Povo
QUINTA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2009
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